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4 práticas para combater o racismo na infância
Canguru News
Educadora compartilha ações que fortalecem a igualdade desde os primeiros anos de vida

Combate ao racismo deve ser diário, pontua Jussara Santos
As desigualdades raciais se manifestam desde os primeiros anos de vida: estudos mostram que, historicamente, bebês negros ganham menos abraços e colo do que os brancos. Nas escolas, sofrem com mediações excludentes e com a falta de representatividade em livros e práticas pedagógicas. Ainda assim, persiste a ideia de que a infância estaria protegida, uma percepção que ignora a profundidade com que o racismo estrutura experiências, afetos e relações desde o berço, afirma a educadora e pesquisadora Jussara Santos, autora do livro Democratização do colo: Educação antirracista para e com bebês e crianças pequenas, publicado pela Papirus Editora.
Segundo a especialista, garantir respeito, segurança, contato com a pele, olhares e o máximo de conforto possível é fundamental para boas experiências de bebês e crianças negros e brancos nos espaços educacionais.
“A sociedade brasileira foi construída a partir do racismo. Então, considerar a existência do racismo nos espaços, a meu ver, é o pontapé inicial para o fomento do antirracismo. E, a partir disso, a formação continuada, a empatia, o estudo, o compromisso são formas de vivenciar o antirracismo no cotidiano da educação infantil”, ressalta.
A seguir, a educadora destaca quatro práticas essenciais para educadores, cuidadores e famílias que desejam promover relações mais igualitárias desde os primeiros anos de vida:
Ambientes que representem todas as infâncias
Entenda o que está sendo representado ao redor, as imagens na parede, os brinquedos e os livros da sala. Os elementos mostram a diversidade de crianças do Brasil? Incluir bonecas negras, histórias de crianças indígenas, bolivianas e de outras etnias é uma forma de fortalecer o sentimento de pertencimento, especialmente em espaços onde a maioria é preta ou parda.
Palavras constroem mundos
Evite eufemismos como “moreninho” ou apelidos baseados na cor da pele. Use com respeito os termos corretos: preto, pardo, indígena; ou negro, em referência mais ampla a pretos e pardos. Não normalize comentários ou expressões racistas, mesmo que disfarçados de brincadeira ou “memes”. Silenciar diante do racismo também é uma forma de ensiná-lo.
Afeto e cuidado sem estigmas
Todos os bebês precisam ser acolhidos com o mesmo carinho, colo e escuta atenta. É preciso romper com práticas que desumanizam ou estigmatizam crianças negras, como chamar de “cachorro” aquela que morde ou não intervir quando há exclusão. O racismo também aparece na negligência e na ausência de cuidado.
Educar para a diversidade de tons e histórias
A “cor de pele” não é bege; é marrom, é preta, é a soma das nossas origens. Desde cedo, as crianças devem ter acesso a lápis de diversas tonalidades e não delimitar o conhecimento, como se todas as peles fossem salmão.
Promover práticas antirracistas na primeira infância é garantir que as próximas gerações cresçam mais conscientes, respeitosas e comprometidas com a justiça social. “Combater o racismo é tarefa de todos os dias, e começa agora, no colo, nas palavras que escolhemos e nas histórias que contamos”, pontua Jussara Santos.



