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7 brincadeiras simples para incentivar o desenvolvimento neuropsicomotor
Canguru News
Atividades ajudam a trabalhar habilidades motoras, cognitivas e emocionais desde cedo

Fitas, cordas e outros objetos presentes em casa podem ser usados em circuitos que estimulem a coordenação motora e o controle
“O desenvolvimento neuropsicomotor pode e deve ser estimulado em casa, com atividades simples, que respeitem o ritmo e o universo lúdico da criança”, afirma a neuropedagoga Mara Duarte, diretora pedagógica da Rhema Neuroeducação. Ela se refere à aquisição gradual e progressiva de habilidades motoras, cognitivas, emocionais e sociais, que levam à maturação do sistema nervoso central. “É um processo essencial que abrange não apenas os movimentos corporais, mas também a linguagem, socialização e aprendizagem”, diz.
Mara reforça a importância de estimular essas habilidades desde os primeiros meses de vida, inclusive no ambiente doméstico, como uma medida eficaz para garantir um crescimento saudável.
A observação atenta às fases do desenvolvimento infantil é um dos primeiros passos para uma intervenção bem-sucedida. Segundo Mara, cada marco como rolar, sentar, engatinhar, andar ou falar indica a progressão natural do amadurecimento cerebral e motor. “Essas etapas precisam ser reconhecidas e valorizadas. Quando há atrasos, intervenções precoces podem fazer toda a diferença na evolução da criança”, explica. Essa consciência permite que pais e responsáveis contribuam de forma ativa e personalizada com os estímulos necessários, muitas vezes sem depender de recursos sofisticados.
O ambiente familiar, por sua natureza afetiva e constante, é um terreno fértil para esse tipo de desenvolvimento. “É nesse contexto que a criança se sente segura para explorar, errar, repetir e aprender”, relata a especialista. Ao criar uma rotina com propostas motoras e cognitivas adaptadas à idade, os adultos ajudam a ampliar o repertório da criança de forma natural e prazerosa. Além disso, essas atividades fortalecem o vínculo entre pais e filhos, promovendo também ganhos emocionais.
Outro ponto destacado por Mara é o papel do brincar como forma legítima de aprendizado. “A criança aprende quando brinca, porque o lúdico ativa o cérebro de forma global, promovendo conexões que integram o corpo, a mente e as emoções”, diz.
O brincar estimulado, com objetivos claros e alinhado às etapas do desenvolvimento, contribui para o avanço de habilidades fundamentais como equilíbrio, atenção, controle postural e linguagem. De acordo com a neuropedagoga, o importante é que os adultos conduzam essas experiências com intencionalidade e escuta ativa, respeitando os sinais de cada fase.
Na avaliação da especialista, muitas famílias deixam de estimular as crianças por acreditarem que não têm preparo técnico ou materiais apropriados. No entanto, segundo ela, o mais importante não está nos recursos, mas na qualidade da interação. “Pais não precisam ser especialistas, mas sim participantes ativos no processo. A repetição de ações simples, realizadas com afeto e atenção, pode gerar transformações significativas no desenvolvimento da criança”, orienta Mara.
Além disso, o estímulo em casa não substitui o acompanhamento profissional quando necessário, mas o complementa de maneira essencial. Para Mara Duarte, a aliança entre escola, família e especialistas forma um tripé decisivo para o crescimento integral das crianças. “A casa é o primeiro espaço de aprendizagem. Quando ela se torna um ambiente acolhedor e estimulante, o desenvolvimento se fortalece de forma contínua”, conclui.
A seguir, a especialista elenca sete práticas que podem ser realizadas com facilidade por pais e responsáveis, e que têm impacto direto nas habilidades motoras e cognitivas dos pequenos:
1. Estimular o equilíbrio com brincadeiras no chão
Uma fita adesiva colada no chão pode se transformar em um percurso desafiador. Peça para a criança caminhar sobre a linha, tentando manter o equilíbrio, o que exige concentração e serve para ativar a coordenação motora e o controle postural.
2. Montar circuitos de obstáculos com objetos da casa
Almofadas, cadeiras e caixas podem se tornar um circuito de desafios. A criança pode pular, rastejar ou contornar os obstáculos. “A ideia é trabalhar a coordenação motora grossa, noção espacial e domínio corporal, tudo por meio do brincar”, detalha a neuropedagoga.
3. Brincar com bolas de diferentes tamanhos
Jogar, rolar ou quicar bolas ajuda a desenvolver tanto a coordenação motora fina quanto a grossa. Além disso, faz com que a criança treine a agilidade e a percepção espacial, habilidades importantes para várias outras aprendizagens.
4. Usar músicas para estimular movimentos e fala
Músicas com gestos e coreografias simples são ferramentas poderosas. Elas ajudam a sincronizar movimentos e linguagem, ampliando o repertório motor e verbal. “As canções infantis estimulam o cérebro de forma integral, pois combinam ritmo, linguagem e movimento”, afirma Mara.
5. Oferecer livros com texturas e elementos interativos
Desde os primeiros meses, livros com abas, sons e diferentes materiais despertam os sentidos, favorecendo a coordenação motora fina e ativando conexões neurais importantes para a leitura futura.
6. Estimular o uso da pinça com objetos pequenos
Atividades como encaixar peças, usar pinças de brinquedo ou transferir objetos com os dedos ajudam no controle dos pequenos músculos das mãos. “São movimentos fundamentais para a escrita e outras tarefas escolares”, explica a especialista.
7. Criar jogos de imitação e sequência
Pedir que a criança imite gestos, expressões ou repita uma sequência de movimentos ativa diversas áreas do cérebro. Ao mesmo tempo, é uma forma de trabalhar memória, atenção e motricidade de forma integrada.