Cuidados com a Saúde
Dormir de boca aberta pode trazer prejuízos à saúde da criança
Canguru News
Má postura e dores no pescoço e cabeça podem surgir devido à respiração bucal

Ao identificar que a criança dorme de boca aberta, é importante procurar orientação médica
Embora pareça um hábito inofensivo, dormir de boca aberta na infância pode ser o início de uma série de alterações posturais e funcionais que acompanham o indivíduo ao longo da vida. De acordo com a fisioterapeuta especializada em pediatria, Lígia Conte, a respiração bucal recorrente está diretamente relacionada a mudanças estruturais no corpo — e quanto mais precoce for a identificação, maiores as chances de reversão.
Diferentes estudos publicados indicam que mais da metade das crianças dorme de boca aberta, o que pode ocorrer devido a problemas nasais que dificultam a respiração pelo nariz, como rinite, sinusite e adenoide aumentada.
Uma das principais consequências desse padrão respiratório é a rotação dos ombros, que pode evoluir para um quadro de cifose postural — a curvatura acentuada da parte superior das costas. "Essa alteração influencia diretamente a organização do tronco e compromete o equilíbrio muscular", explica Lígia.
Com o tempo, surgem sintomas como dores no pescoço e na cabeça, compressão dos pulmões e do coração, fadiga na parte superior das costas, mobilidade limitada dos ombros, fraqueza muscular na lombar e nos glúteos, além de dificuldades respiratórias e até problemas digestivos.
A fisioterapeuta ressalta que esse problema não é exclusivo das crianças. Muitos adultos convivem com esses desconfortos sem saber que a causa pode estar na forma como respiravam durante a infância. "É comum recebermos pacientes com dores crônicas ou má postura sem uma causa aparente. Quando investigamos, identificamos traços de respiração oral não tratados na infância", afirma Lígia.
Entre os indicativos de que algo não está funcionando como deveria, podem surgir sinais como salivação excessiva ou boca seca, sono agitado, queixo voltado para baixo, cabeça projetada para frente, olheiras constantes, rosto mais estreito e postura curvada.
Para quem identifica sinais semelhantes em si ou nos filhos, é importante buscar uma avaliação especializada. O tratamento é feito por meio de intervenções conjuntas entre profissionais de fisioterapia e fonoaudiologia, que focam na reeducação postural, melhoria do padrão respiratório e prevenção de complicações futuras. "O diagnóstico precoce pode transformar completamente o desenvolvimento da criança e sua qualidade de vida. E mesmo em adultos, ainda é possível reverter impactos com acompanhamento adequado", conclui a especialista.