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Licença-paternidade mais longa aumenta chance da mãe manter a amamentação, diz estudo
Canguru News
Segundo especialistas, a presença ativa do pai no pós-parto fortalece o vínculo familiar

Envolvimento do pai com o filho recém-nascido traz benefícios para toda a família
Pais que conseguem tirar pelo menos duas semanas de licença-paternidade aumentam em 31% as chances de suas parceiras continuarem amamentando até oito semanas após o parto. A informação é de pesquisa da Northwestern University, realizada com 240 pais empregados na Geórgia, nos Estados Unidos, que foi publicada em março deste ano e destaca a importância do envolvimento paterno no sucesso da amamentação.
"A presença do pai em casa é essencial para proporcionar um ambiente mais favorável para a amamentação. Diversos estudos mostram que a participação do pai e todo apoio que ele dá, durante o pré-natal e no puerpério, geram um suporte emocional maior, reduzindo o estresse da mãe e aumento na confiança para amamentar", afirma o pediatra Paulo Telles, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e embaixador do Movimento CoPai (Coalizão Licença-Paternidade).
Juliana Alves, pediatra e neonatologista especializada em Pediatria Integrativa, reforça que o apoio do pai vai além da amamentação: "O pai não amamenta, mas ele consegue fazer muitas outras coisas: colocar o bebê para arrotar, trocar a fralda e mesmo ofertar o leite ordenhado da mãe, para que ela possa descansar. Essa participação ativa fortalece o vínculo entre pai e filho e contribui para a formação estrutural e emocional da família."
Além disso, políticas de licença familiar remunerada têm sido associadas a melhorias na duração da amamentação e benefícios à saúde. No Brasil, a licença-paternidade padrão é de apenas cinco dias, o que, segundo os especialistas, é insuficiente para que o pai estabeleça um vínculo sólido com o bebê e ofereça o suporte necessário à mãe. Dois projetos de lei que estão em trâmite no Congresso Nacional ‒ o PL 3773/2023, que se encontra no Senado e o PL 6216/2023 que está na Câmara dos Deputados ‒ buscam ampliar a licença para 30 dias.
"Impossível conhecer de forma adequada o bebê em apenas cinco dias. Como se aprende a cuidar, apoiar, criar vínculo e amar em tão pouco tempo?", questiona o pediatra, que defende a ampliação desse período.
Juliana acrescenta que uma licença-paternidade mais longa também contribui para diminuir a desigualdade de gênero no trabalho e nas tarefas domésticas. "A mãe acaba ficando sobrecarregada com os cuidados do bebê e da casa. O pai tem que sair para trabalhar e muitas vezes não há mais ninguém ali. Isso acaba ficando desigual também para homens e mulheres lutarem pelo mesmo espaço no mercado de trabalho."
Os médicos lembram que a ampliação da licença-paternidade é uma questão de saúde pública, equidade de gênero e bem-estar familiar. E reforçam que o envolvimento ativo do pai desde os primeiros dias de vida do bebê traz benefícios duradouros para toda a família.