Background image

Conscientização das famílias sobre importância da participação ativa na vida escolar dos alunos.

Acompanhamento e monitoramento das atividades escolares dos alunos.

Apoio às famílias na organização e realização das atividades escolares dos alunos.

Orientações para a realização das atividades escolares dos alunos.

Voltar para Início

Publicações Educacionais

Você sabe o que são os 9 minutos “mágicos”?

Canguru News

Para o pediatra Daniel Becker, “neurociência ativa” faz sentido, mas não é suficiente

5 min de leitura

10 de dezembro de 2025

Compartilhe:

Você sabe o que são os 9 minutos “mágicos”?

Acorde seu filho com carinho, beije, abrace, pergunte como se sente e fale sobre a programação do dia

Com a correria do dia a dia, muitos pais têm a sensação de que não conseguem dedicar tempo suficiente aos filhos. E a gente sabe: não é fácil mesmo! Talvez por ser uma questão com a qual tantas famílias se identificam hoje, a técnica que promete resolver a questão com a bagatela de 9 minutos por dia viralizou na internet. Baseado em estudos neurocientíficos, o conceito consiste em oferecer atenção plena às crianças em três blocos de três minutos, divididos em momentos cruciais do dia. São dicas importantes e que fazem sentido, mas não dá para acreditar que essa quantidade de tempo é o suficiente para se dedicar integralmente aos filhos, como alerta o pediatra Daniel Becker, autor do perfil @pediatriaintegralbr.

 

Antes, é preciso entender o que é e como se aplica a chamada teoria dos nove minutos mágicos. Segundo o neurocientista estoniano Jaak Panksepp, pioneiro da chamada “neurociência afetiva”, os pais ou cuidadores precisam se dedicar a uma conexão integral com os filhos – com atenção plena, presença, sem distrações como telas ou tarefas – em três momentos cruciais do dia:

No despertar – Acorde seu filho com carinho, beije, abrace, converse, veja como ele se sente, fale sobre as programações do dia.

Na volta da escola – Antes mesmo de fazer a clássica pergunta (e que nunca tem uma resposta satisfatória) de “como foi a aula hoje” e suas variações, abrace a criança ou o adolescente, conecte-se com ele, perceba como ele está, ouça, sem pressa e sem sufocar com questionamentos.

Ao dormir – Nos três últimos minutos, antes de a criança dormir, tenham uma rotina de carinho juntos, lendo uma história, falando sobre o dia, abraçando e colocando as cobertas em cima dele, de forma aconchegante. 

 

O conceito derivou de alguns estudos de Panksepp sobre as bases neurais das emoções. Segundo o pesquisador, os afetos que fundamentam os seres humanos não são construções culturais ou apenas cognitivas, mas sistemas emocionais inatos, herdados dos nossos ancestrais, localizadas em estruturas profundas e antigas do cérebro. Estes sistemas são fundamentais para o desenvolvimento emocional e social saudável. Essas ideias reforçam o valor da presença consciente, da atenção afetiva e dos pequenos rituais — que, embora simples, ativam camadas profundas de bem-estar e vínculo.

 

A partir disso, surgiu a proposta de reservar nove minutos por dia de atenção total às crianças, para criar e reforçar estes sistemas emocionais. Sem celular, sem distrações, sem dividir o foco com tarefas domésticas ou trabalho. Apenas estar ali — conversando, brincando, escutando e acolhendo. A ideia é que esses pequenos blocos de conexão, fundamentados nos estudos de Panksepp sobre neurociência afetiva, criem uma sensação de segurança emocional que acompanha a criança pelo resto do dia – e pelo resto da vida.

 

Pesquisas internacionais apontam que interações breves e positivas com os cuidadores, de fato, reduzem níveis de cortisol (o hormônio do estresse) nas crianças, além de fortalecer competências socioemocionais como empatia, cooperação e autorregulação. Na prática, isso significa menos crises, mais diálogo e maior confiança. “Tem consequências muito positivas para o desenvolvimento mental e emocional da criança”, afirma Daniel Becker, em um vídeo compartilhado em suas redes sociais.

 

A questão é que isso não basta. “O que eu acho perigoso é achar que esses nove minutos dão conta de tudo”, explica o médico, que reforça que 9 minutos, dentro de 24 horas, para dedicar à conexão com os filhos estão longe de ser suficientes. Ele reforça que o tempo de qualidade é importante, sim, mas a quantidade também é. Becker destaca que é fundamental os pais estarem presentes e conectados com os filhos na maior parte do tempo que estão com eles. “Isso não quer dizer que a gente vai abrir mão do nosso trabalho, das nossas tarefas domésticas, do nosso autocuidado, da nossa capacidade de estar conosco mesmo também, o tempo todo, em função dos filhos”, pontua. “Mas, sim, eles são prioridade e, sim, merecem essa conexão mais profunda, mais afetuosa, mais presente, a maior parte do tempo”, acrescenta.

 

“É claro que a vida atual, o excesso de trabalho, o isolamento, a falta de apoio (especialmente para as mães) dificultam muito esse contato profundo”, reconhece o médico, que explica que os nove minutos são uma pequena base, mas é preciso buscar mais. Além de ser um alicerce para o desenvolvimento físico e emocional da criança, esse vínculo forte, que se forma a partir dos momentos de entrega e de intimidade, também traz vantagens para os adultos cuidadores, porque reduz o estresse e aumenta a capacidade de educar, sem pender para a permissividade ou para a agressividade – ambos extremamente nocivos. “Procure estar junto, em conexão afetuosa e atenta, escutando, sempre que a vida te permitir”, completa o especialista.

Mais Notícias

Alunos negros sofrem três vezes mais bullying, indica estudo

Alunos negros sofrem três vezes mais bullying, indica estudo

Apenas uma em cada 20 crianças segue três práticas cruciais ao desenvolvimento

Apenas uma em cada 20 crianças segue três práticas cruciais ao desenvolvimento

9 livros para presentear crianças de todas as idades no Natal

9 livros para presentear crianças de todas as idades no Natal