A pesquisa também possibilitou entender quem está mais propenso ao uso problemático. “Entre as características do perfil de estudantes com maior probabilidade de jogar videogames de modo problemático estão: ser do sexo masculino, usuário de tabaco e álcool, praticar ou ser vítima de bullying e ter níveis clínicos de sintomas de hiperatividade, problemas de conduta e de relacionamento entre pares”, aponta a psicóloga. O relacionamento entre pares é aquele que acontece entre pessoas com características semelhantes, tais como a idade e habilidades.
Por meio da pergunta utilizada no estudo dois também foi possível constatar que 57% dos adolescentes jogam como forma de se esquivar da vida real. O perfil desses jovens está associado, por exemplo, ao sexo masculino, ao uso de tabaco, à prática e à vitimização do bullying e a níveis saudáveis de comportamentos pró-sociais, que é a intenção de beneficiar outras pessoas por meio da ajuda ou compartilhamento.
O uso problemático de videogames, além de afetar o próprio jovem, que deixa de dar atenção a outros aspectos da vida, também afeta quem está ao redor. “Como estamos falando de adolescentes que moram com suas famílias, o uso indiscriminado afeta quem convive com eles. Por exemplo, pode haver um crescimento dos conflitos para que os adolescentes desliguem o jogo, pode ocorrer um afastamento dos amigos e familiares ou aumento de comportamentos agressivos, o que piora os relacionamentos de maneira geral.”
Medidas preventivas
Entender o universo dos videogames e os seus efeitos nos jovens pode ajudar na prevenção e na identificação de que o adolescente faz uso problemático desses jogos. “Minha pesquisa traz dados epidemiológicos inéditos que indicam uma alta prevalência do jogar problemático entre nossos adolescentes”, destaca Luiza. A psicóloga acredita que essa descoberta contribui para evidenciar a importância da capacitação de pais, escolas e profissionais de saúde na prevenção do problema.
A tese de doutorado traz ainda orientações sobre possíveis formas de prevenção, entre elas, a sugestão de os pais jogarem junto com os filhos e conversarem de maneira crítica sobre os conteúdos, a restrição do tempo de uso e a valorização de outras atividades concorrentes ao jogar.