‘Setembro amarelo’: Como identificar sinais de depressão nas crianças

Falar sobre o tema ajuda a identificar na criança ou no adolescente os sintomas da doença – e, assim, tratá-la desde o começo

Por: Patrícia Nolêto

Emoções de tristeza, desesperança, culpa e medo caracterizam a depressão nas crianças

Setembro é conhecido como “Setembro Amarelo”, o mês de prevenção ao suicídio. Podemos prevenir não deixando que a depressão chegue nas crianças, conhecendo em quais situações é mais provável que ela aconteça, e aprendendo a identificá-la logo cedo e tratá-la da maneira mais adequada.

Todos os anos, profissionais da saúde mental se empenham em abordar esse assunto tão delicado e tão real. Mas será que precisamos realmente falar sobre esse assunto? Será que falar sobre isso não vai despertar no outro algo que ele nem pensava? Não! Falar sobre isso salva vidas! Falar sobre isso ajuda as pessoas a identificarem sintomas iniciais e é muito mais fácil tratar no início uma depressão leve nas crianças, do que, mais tarde, ter que lidar com  uma depressão grave. A seguir, entenda quais aspectos podem indicar sintomas de depressão nas crianças.

Como identificar sinais de depressão nas crianças

Imagine que todos nós, adultos e crianças, temos uma tríade no nosso funcionamento humano: Emoções + Pensamento + Comportamentos. Aconteça o que acontecer na nossa vida esses três aspectos estarão sempre conectados. A emoção está sempre acompanhada de um pensamento e um comportamento. Da mesma forma, um pensamento traz junto um comportamento e uma emoção, e assim vai.

A depressão se destaca pelas seguintes emoções: tristeza, desesperança, culpa e medo.
A semântica dos pensamentos será ligada a algo que a pessoa tinha e perdeu, geralmente, voltado ao passado, e sem esperança de um futuro melhor que o presente. É comum pensar: “Não tenho saída. Não há nada que eu possa fazer para mudar isso. Não tenho forças para mudar. A vida não tem cor, não tem graça. Se eu pudesse eu desapareceria. Se eu sumir, ninguém vai sentir falta. Era melhor eu nem ter nascido”.

Comportamentos que geralmente acontecem são de evitação e esquiva. A pessoa tem preguiça de conversar com os outros, se isola, não responde mensagens. Alguém liga, ela não atende, fala que vai retornar depois e não retorna. Evita cuidados básicos. Pula uma refeição, não troca de roupa, fica dias sem lavar o cabelo. Procrastina, passa mais tempo em telas para se desconectar do que está sentindo. Pode haver alteração de apetite e sono para mais ou para menos. E é muito comum ter que se esforçar para fazer algo que antes fazia sem esforço.

Insegurança e dependência também podem ser sinal de depressão

Essa tríade do comportamento humano também acontece com as crianças, embora algumas vezes elas não consigam expressar o que estão pensando. Mas se os pais sabem o que estão procurando vão descobrir “a cheiro”, o tema do pensamento dos filhos. Além das emoções citadas, é comum a criança se mostrar irritada boa parte do tempo. Ela pode ficar mais insegura e dependente e ter medos que antes não tinha. Algumas podem ficar apáticas, já outras podem parecer apenas que estão sem vontade de fazer as coisas.

O mais importante é lembrar da conexão entre os três itens. Não observe ou avalie apenas as emoções ou apenas os comportamentos. Olhar o todo vai ajudar a perceber se existe algum sinal de que algo está errado.

Lembrando que para perceber emoções, pensamentos e comportamentos dos nossos filhos, precisamos estar realmente perto, precisamos conviver, interagir e isso é muito mais que simplesmente estar juntos em casa.
 

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