Por que pais não devem exigir do filho a perfeição

Para atender aos desejos dos pais, a criança exige de si mais do que deveria e perde a própria liberdade

Por: Bruna Richter/Canguru News

Diante da demanda de perfeição, seu filho não tem abertura para ser quem desejar

Um filho sempre busca atender aos desejos de seus pais. Isso acontece inclusive de forma não consciente. A criança interpreta, ao seu modo, o que acredita ser o esperado e busca agir de acordo com esse norte. E isso acontece não apenas com as vontades manifestas, como também em relação ao que é pensado sobre os pequenos. Os ditos dos pais têm uma influência enorme na constituição dos filhos.

Diante disso, parece aconselhável selecionar os adjetivos que atribuímos a eles. Quando taxada com predicados considerados negativos, como insolente, preguiçosa ou desobediente, a criança interpreta isso como um pedido e preenche esse papel que os pais acabam lhe endereçando, ainda que sem intenção. Contudo, engana-se quem pensa que classificá-la então com características supostamente positivas seria vantajoso.

Algo que é preciso seguir para garantir o amor a ele dispensado. Crianças sentem frequentemente temor da perda desse afeto e, portanto, tendem a tomar a palavra dos pais tal como lei. Elas se submetem pelo medo aos títulos a elas referenciados, ainda que o que se espere da criança seja algo aparentemente benéfico.

Uma das cobranças mais frequentes dos progenitores se refere à perfeição. Os pequenos passam a ter únicos modos de se comportar, caso queiram alcançar esse objetivo e se tornarem filhos perfeitos. Perdem a espontaneidade, não abrem espaço para brincadeiras ou para a criatividade, exigem de si mais do que seria esperado, ou mesmo adequado, a uma criança. Eles acabam perdendo sua própria liberdade.

Diante da demanda de perfeição, seu filho não tem abertura para ser quem desejar. Ele busca insistentemente a aprovação de quem dele cuida, afastando-se de seus próprios anseios e necessidades. Um rótulo é um decreto na vida da criança, que lhe furta o livre-arbítrio e cerceia sua possibilidade de escolha. Filhos perfeitos não existem. Precisamos evitar sentenciá-los e permitir que desenvolvam as potencialidades de tudo o que decidirem ser.

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