Diferentes ritmos de aprendizagem podem ser encontrados em uma mesma sala de aula, porém, quando os desafios persistem e chegam a prejudicar a vida escolar do aluno, é preciso investigar suas causas. Dificuldades pontuais podem muitas vezes serem confundidas com um transtorno de aprendizagem, daí a importância de saber as diferenças para identificar o problema e poder ajudar o aluno adequadamente.
"As dificuldades geralmente se manifestam de forma pontual, com um início e um fim determinados por eventos específicos, como mudanças de escola ou problemas familiares”, afirma a neuropsicóloga Ana Carla Silvestre Sangineto. Ela explica que nessas situações, um suporte adicional na forma de aulas de reforço ou acompanhamento pedagógico pode ser suficiente para superar o obstáculo. "Por outro lado, os transtornos têm uma origem neurobiológica, ou seja, a criança já apresenta essa disfunção desde as fases iniciais da vida, antes mesmo de frequentar a escola", acrescenta a neuropsicóloga, que atua em parceria com a Docway, empresa de soluções de saúde digital no Brasil.
Os transtornos diretamente ligados a aprendizagem são:
- Dislexia - relacionada aos processamentos linguísticos e à leitura;
- Disortografia - caracterizada pela dificuldade na aplicação das regras ortográficas;
- Disgrafia - afeta a habilidade de escrever de maneira clara e organizada;
- Discalculia - relacionada ao processamento numérico e raciocínio matemático.
No caso da discalculia, a criança pode ter dificuldade em compreender conceitos básicos de matemática, como a soma de 2 + 2, que, se não tratada adequadamente, pode afetar suas habilidades na vida adulta, como a capacidade de lidar com transações financeiras simples. Segundo a especialista, casos como esse exigem investigação neuropsicológica e intervenção para desbloquear habilidades específicas.
Ana Carla relata que o diagnóstico de um transtorno de aprendizagem envolve uma análise detalhada, que inclui entrevistas com todas as partes envolvidas, desde a própria criança até os pais e professores, seguida pela aplicação de testes psicológicos e de rastreamento para avaliar o nível de dificuldade em relação ao esperado para o desenvolvimento típico. "Somente com base em evidências científicas sólidas é possível encaminhar a criança para um tratamento adequado que permita superar os desafios do transtorno", afirma.
A neuropsicóloga ressalta ainda que esses transtornos não devem ser vistos como um impedimento para uma vida plena. "Com o suporte adequado, incluindo intervenções educacionais personalizadas, terapia e apoio psicológico, crianças com essas desordens podem desenvolver estratégias eficazes para lidar com seus desafios e alcançar sucesso em diversas áreas da vida”, diz. Além disso, a conscientização e o entendimento da comunidade são fundamentais para promover a inclusão e eliminar estigmas, permitindo que todos tenham a oportunidade de alcançar seu pleno potencial", complementa a neuropsicóloga.