A criatividade propõe olhares inusitados sobre práticas, circunstâncias e situações que já estamos acostumados a observar como lugar-comum. É uma habilidade que nos permite ver as coisas através de um ângulo menos óbvio ou clichê. E por isso é tão importante usá-la na educação. “Acredito que educar seja uma tarefa essencialmente humana, cujo dever é justamente fazer valer a essência de cada um de nós”, afirma a psicóloga e arte-educadora Bianca Solléro.
Ao longo dos últimos 20 anos, Bianca desenvolveu uma teoria que destaca os três principais aspectos que pais e escolas devem atentar para manter a criatividade infantil suficientemente acesa na vida adulta. Amor, Limites e Liberdade Criativa compõem o que a arte-educadora chamou de Tríade da Educação Criativa.
O pilar Amor refere-se à percepção da criança de que ela é aceita, amada e pertencente para além de padrões comportamentais ou qualquer tipo de expectativa de seus pais. Refere-se ao desenvolvimento de uma auto-estima relevante, forte e positiva, o que, para a criatividade, representa a coragem em manifestar-se criativamente.
O pilar Limite consiste na necessidade da criança reconhecer o seu lugar e o lugar do outro. É o contorno de si mesma o que configura as noções de direitos, deveres e responsabilidade, além da compreensão de sua própria individualidade. Para a criatividade, os limites fortalecem a flexibilidade cognitiva, que é uma habilidade imprescindível para o pensamento crítico e criativo.
O pilar Liberdade Criativa reitera a necessidade das crianças usufruírem de espaços de permissão: momentos, ocasiões ou circunstâncias em que ela pode apresentar suas vontades e realizar seus desejos da forma mais natural e autêntica possível. Aqui, é importante reforçar que a criança deve ser ouvida e validada em sua espontaneidade.
O equilíbrio destes três fatores ajuda a criança a ser emocionalmente saudável e criativa.