Desenvolver uma relação de apego seguro com os filhos é primordial para que construam uma base sólida e tenham saúde física e emocional. Criar um vínculo afetivo com a criança permite mostrar que seus sentimentos e necessidades serão validados e que ela pode se sentir segura. Isso resulta em um estado emocional saudável durante a infância, que se perpetuará na vida adulta.
Graças aos avanços em pesquisa e em neurociências, hoje sabemos que as crianças que têm apego seguro estabelecem melhores relações com os outros, administram suas emoções com mais eficácia, têm um desempenho escolar superior e se recuperam mais rapidamente de emoções desagradáveis, entre muitos outros benefícios.
Nas relações de apego, o adulto está sensível às questões internas da sua criança. Ou seja, ele entende a real necessidade, seja física ou emocional, por trás de cada comportamento.
O apego é uma necessidade inata do ser humano. Os bebês nascem com essa expectativa e dependem do vínculo com seu cuidador primário para sobreviver, sendo esse cuidador portanto a sua principal referência. É ele que atende a tudo que a criança precisa, acolhendo-a e cuidando-a. E ainda funciona como um espelho que influenciará comportamentos, crenças e possibilidades no futuro daquela criança. Ela desenvolve expectativas sobre si mesma, as relações sociais e o mundo em que habita a partir de observações do comportamento do adulto que ela tem como modelo.
Estar atento às necessidades dos filhos, buscar assertividade, rapidez, agilidade e um diálogo verdadeiro passará para eles a mensagem de que, como família, somos um porto seguro. Demonstramos que avaliamos e damos importância a todo desconforto e sentimentos que causam mal-estar, evitando episódios de agressividade e desobediência.
O apego seguro ensina à criança que a ajuda nos momentos difíceis sempre vem e que não há necessidade de se desesperar ou chamar atenção por meio de desobediência ou excesso de raiva para conseguir o acolhimento dos pais, avós ou cuidadores.
Toda criança necessita de conforto e proteção, especialmente em momentos estressantes. Elas nascem sem a maturidade cerebral e as ferramentas necessárias para se acalmarem por si mesmas, por isso o apego seguro é tão valioso. Quando ficam estressadas, precisam muito de ajuda e acolhimento.
Na maioria das vezes, o cuidador é sensível aos sinais da criança (percebendo que algo está errado com ela) e a ajuda a se regular, desenvolvendo um processo natural de apego seguro.
É cientificamente comprovado que crianças que vivenciam o apego seguro em casa são mais propensas a desenvolver relacionamentos saudáveis, apresentam autoestima elevada e inteligência emocional.
Podemos citar três características relacionadas ao apego seguro:
- A possibilidade de a criança expressar algo ruim que está vivenciando;
- A forma como o responsável pode ajudar;
- A certeza de que no final tudo ficará bem, gerando calma e conforto no coração da criança.
Na educação positiva, costumo orientar as famílias a entenderem que criar com base na teoria do apego seguro é mais do que educar; é trazer segurança e conforto para o desenvolvimento psíquico da criança, usando sempre o adulto que está por perto como base segura para ela explorar o mundo.
Vale lembrar que somos seres sociáveis e nascemos para estar com o outro, através de amparo e amor incondicional. Educar a criança com amor e atenção, sempre validando e respeitando os sentimentos dela, evita futuros traumas.
*Priscilla Montes é educadora parental e pós-graduanda em Neurociência e Desenvolvimento Infantil pela PUC-RS.