Compreendo que, mesmo sem querer, temos expectativas e supomos que os outros também as têm em relação a nós, e assim a vida anda. Muitas vezes, não deixamos nossos filhos serem quem são com receio de que eles se prejudiquem, não sejam aceitos ou não se adaptem. Como resultado, tentamos moldar seus comportamentos, aceitar o que consideramos inaceitável e, em alguns casos, transformamo-nos para nos ajustar às situações. Reconheço que esse comportamento tem um lado positivo, como adaptação, empatia e sabedoria.
Porém, não comento sobre essas situações, como você já deve ter percebido. O risco até pode não parecer grande, já que somos capazes de manter aquilo que nos parece importante e seguro. Porém, o preço é alto. Perdemos em autenticidade, desviamo-nos de relacionamentos verdadeiros e esquecemos o sentido da nossa missão porque ela só pode existir quando nos centramos em quem somos, nos nossos valores e na aceitação de que somos um excelente produto em desenvolvimento, tal e qual nossos filhos.
Nossa missão como pais é ensinar e orientar, especialmente em relação a limites e valores. No entanto, após estabelecer esses alicerces, é fundamental respeitar a natureza de cada um deles. Como já comentei em muitas ocasiões: somente quando uma criança se sentir aceita é que ela terá a capacidade de desabrochar e transformar-se. É apenas quando ela se sentir aceita que conseguirá arriscar e ir mais longe.
Portanto, da próxima vez que quisermos que nossos filhos sigam um padrão, é importante considerar se não seria mais benéfico ajudá-los a permanecerem autênticos, respeitando os limites deles e dos outros, mesmo que isso seja desafiador. Eu sei que não é fácil, mas tenho a impressão de que, se muitos de nós tivéssemos aprendido isso na infância, teríamos uma jornada adulta mais fácil. Imitar os outros, desejar ser igual ou semelhante não só diminui nosso valor como também nos impede de descobrir quem somos e qual é nossa verdadeira missão. Resumidamente, nunca devemos pedir para ser algo que não somos.