Crianças muito curiosas, que têm perguntas para tudo e buscam respostas aos assuntos mais inusitados – aqueles que a gente não faz ideia do que dizer – tendem a ter um perfil autodidata. Por iniciativa própria, elas buscam o conhecimento, têm facilidade no aprendizado, boa memória e imaginação apurada.
Para Mariana Bruno Chaves, pós-graduada em psicopedagogia e especialista em educação na rede Kumon, o autodidatismo é essencial para o aluno, pois fomenta a autonomia, a disciplina e a capacidade de resolver problemas de forma independente. “Quando as crianças aprendem a buscar respostas e solucionar desafios por conta própria, elas desenvolvem habilidades para a vida, como a perseverança e a autoconfiança”, conta.
Criar oportunidades para que explorem temas de interesse pessoal e encorajá-las a fazer perguntas e investigar soluções são maneiras eficazes de nutrir essa autonomia desde cedo. A seguir, a especialista sugere algumas estratégias que podem ser trabalhadas na escola e em casa para estimular o autodidatismo nas crianças.
1. Incentivar a curiosidade
As crianças são curiosas por natureza. Para estimular ainda mais essa habilidade, é importante encorajá-las a fazer perguntas e buscar as próprias respostas. Livros, filmes e visitas a parques e museus podem ser grandes fontes de inspiração. E quando contarem sobre algo que aprenderam, é interessante ampliar o conhecimento, propondo novas pesquisas e questões a responder.
2. Estimular a autonomia
Diferentes projetos e atividades podem dar às crianças a oportunidade de tomar decisões sobre o que querem aprender e como fazê-lo, sendo sempre guiadas em suas escolhas para garantir que as estejam fazendo de forma construtiva e adequada. Suas decisões devem ser apoiadas, com orientação e planejamento para que executem suas ideias de forma direcionada, evitando assim que fiquem muito soltas.
3. Criar ambientes ricos em recursos
Trabalhar com uma variedade de materiais educativos – como livros, quebra-cabeças e jogos de tabuleiro – também permite incentivar o aprendizado. “Os recursos devem estar acessíveis para que as crianças se sintam à vontade para explorá-los por conta própria”, reforça Mariana.
4. Modelar o comportamento autodidata
Educadores e pais devem ser exemplos de aprendizagem autodidata para as crianças. Para tanto, é importante demonstrar o interesse em aprender coisas novas e compartilhar as descobertas com as crianças. Quando elas veem os adultos ao seu redor valorizando a aprendizagem, elas são mais propensas a adotar esse comportamento.
5. Desenvolver a habilidade da pesquisa
Incentivar que aprendam a buscar informações em diferentes ambientes, como a internet, permite que ganhem experiência para saber filtrar conteúdos e boas fontes e se tornem capazes de realizar pesquisas de forma independente e segura.
6. Estabelecer metas e reconhecer esforços
Metas simples como cumprir um cronograma de estudos e ler uma quantidade de textos ou capítulos, servem de estímulo à criança para que cumpra os objetivos propostos. Reconhecer o esforço e o progresso, em vez de apenas o resultado, incentiva a persistência e a motivação intrínseca.
7. Usar a tecnologia
Existem inúmeras plataformas educacionais, aplicativos e jogos que podem tornar a aprendizagem mais interativa e divertida. No entanto, é importante monitorar o uso da tecnologia e garantir que ela seja usada de maneira equilibrada.
8. Promover a colaboração
Autodidatismo não significa aprender sozinho o tempo todo. A colaboração entre as crianças pode ser incentivada, permitindo que trabalhem juntas em projetos e compartilhem seus conhecimentos. A troca de ideias enriquece o processo de aprendizagem e fomenta habilidades sociais.
9. Incentivar a reflexão
Ajudar as crianças a refletirem sobre o que aprenderam e como aprenderam faz parte da experiência. Vale perguntar sobre seus sentimentos em relação ao processo de aprendizagem e o que poderiam fazer diferente da próxima vez. A reflexão ajuda a consolidar o conhecimento e a melhorar as habilidades de aprendizagem autodidata.
10. Ofereça suporte e orientação
Embora o objetivo seja promover a independência, é importante se mostrar disponível para oferecer suporte e orientação quando necessário. Estar presente para responder perguntas e oferecer feedback ajuda a superar desafios.