Celular nas escolas: como promover um uso consciente?

Projeto de lei em São Paulo visa proibir dispositivos nas instituições de ensino; para coordenador de tecnologia, é preciso educar alunos para uso de forma crítica

Por: Canguru News

Escola pode desempenhar um papel essencial na orientação sobre o uso do celular, diz especialista

Utilizar as tecnologias de forma saudável é um grande desafio, em especial, para crianças e adolescentes que têm o cérebro em formação e, portanto, mais dificuldade em se autorregular e promover um uso consciente.

Nas escolas, muitos professores e mesmo alunos se queixam de como os celulares têm atrapalhado o processo de ensino e aprendizado. Na tentativa de regulamentar o assunto, foi criado o Projeto de Lei n° 293/2024, que visa proibir o uso de celulares e outros dispositivos eletrônicos por estudantes, nas escolas da rede de ensino privada e pública do estado de São Paulo, durante todo o período escolar, inclusive nos intervalos. A ideia é que seja permitido o uso apenas para necessidades pedagógicas específicas em conteúdos digitais e ferramentas educacionais, bem como para atender estudantes com deficiências que requerem tecnologias assistivas específicas.

Algumas escolas paulistas já apresentam restrições ao uso, sendo proibido a alunos, professores e funcionários acessar redes sociais e aplicativos de streaming pelas redes Wi-Fi das instituições. Nas escolas municipais do Rio de Janeiro, e em estados como Roraima, Paraná, Maranhão, Distrito Federal, Rio Grande do Sul e Tocantins, também foram impostas restrições ao uso de smartphones.

Segundo dados do IBGE, 84,7% dos adolescentes a partir dos 14 anos possuem seu próprio celular. Para Emerson Francisco Santos, coordenador de tecnologia educacional da Rede de Colégios Santa Marcelina, em vez de proibir, a escola pode desempenhar um papel essencial na orientação do uso. “A tecnologia oferece acesso a informações e recursos inéditos, e educar os estudantes para usá-la de forma crítica, produtiva e consciente favorece o desenvolvimento de uma cidadania digital responsável”, afirma.

O coordenador destaca as diferentes maneiras de integrar os smartphones às atividades escolares, por meio de trilhas de aprendizagem, por exemplo, ou como ferramenta para medições, pesquisas, organização de ideias, atividades colaborativas e apresentações.

Regras e cuidados a tomar

Emerson ressalta, contudo, a necessidade de definir regras coletivas com a participação dos estudantes sobre quando, onde e como usar o celular, incluindo advertências relacionadas ao uso inadequado. Além disso, o corpo docente deve ser incentivado a promover o bom uso e conscientizar sobre os perigos de sua utilização inapropriada, orienta. 

Na opinião do especialista, o uso sem fins pedagógicos específicos pode banalizar a ferramenta. Jogos, redes sociais e outros aplicativos podem causar distrações, fomentar a busca de respostas prontas ou cópia de trabalhos, e trazer problemas à saúde física devido ao uso prolongado. Além disso, o cyberbullying, embora não exclusivo dos smartphones, é facilitado por eles. 

“A participação das famílias nas políticas escolares, a capacitação do corpo docente e dos pais sobre as potencialidades dos smartphones e o estabelecimento de regras de maneira democrática, incentivando a adesão voluntária dos estudantes às boas práticas, são passos essenciais para promover um ambiente educativo mais inovador e consciente”, avalia o educador.

© 2024 por Planneta Educação