Cuidados com a Saúde
Diabetes infantil: estresse pode precipitar sintomas da doença
Canguru News
Questões emocionais podem levar à descoberta do diagnóstico em crianças predispostas

Irritabilidade e sede excessivas são alguns dos sintomas que podem passar despercebidos
Recentemente, ganhou repercussão na mídia o impacto de fatores emocionais na qualidade de vida de crianças e adolescentes com diabetes tipo 1. O assunto veio à tona depois que Luciene Melo, babá do filho da cantora Marília Mendonça, Léo, de 5 anos, postou uma foto em rede social em que aparece ao lado da criança, ambos usando um sensor de glicose para controlar a doença. Léo convive com o diagnóstico desde os dois anos de idade, pouco após a morte da mãe.
“O estresse não provoca a doença, mas pode precipitar os sintomas ao alterar o sistema imunológico e a resposta hormonal. O que muitas famílias chamam de ‘diabetes emocional’ é, na verdade, uma coincidência temporal. A condição já estava se desenvolvendo silenciosamente, mas só foi percebida após um evento marcante. O diagnóstico acaba sendo associado a esse momento”, explica a endocrinologista pediátrica Mônica Gabbay, cofundadora da health tech G7med.
O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune que geralmente se manifesta na infância ou adolescência. Atualmente, o Brasil ocupa a terceira posição mundial em número de casos de diabetes entre crianças e adolescentes de até 19 anos, com 92,3 mil diagnosticados, atrás apenas de Índia e Estados Unidos.
O país também aparece na sexta posição global em número de casos entre pessoas de 20 a 79 anos, com 16,6 milhões de adultos diagnosticados. Os números são do Atlas da Federação Internacional de Diabetes (IDF) de 2025.
Como a doença age?
No diabetes tipo 1, o sistema imunológico ataca e destrói as células beta do pâncreas, responsáveis pela produção da insulina — hormônio essencial para que a glicose presente no sangue entre nas células e seja usada como fonte de energia. Sem insulina suficiente, o açúcar se acumula na corrente sanguínea, provocando hiperglicemia.
Nas crianças pequenas como o filho da cantora, os sintomas podem passar despercebidos ou serem atípicos como irritabilidade, prostração, assadura de fraldas, sede excessiva.
O diabetes tipo 1 pode evoluir rapidamente para uma complicação grave chamada cetoacidose diabética — condição em que o corpo, sem acesso à glicose, passa a queimar gordura como fonte de energia, gerando substâncias tóxicas que causam desidratação, vômitos, confusão mental, dificuldade respiratória e até coma.
A médica explica, ainda, que o tratamento do diabetes tipo 1 exige um controle da glicemia, aplicações diárias de insulina, ajustes na alimentação e acompanhamento médico contínuo. O apoio psicológico também é essencial, tanto para o paciente quanto para sua família, já que o impacto emocional do diagnóstico e as mudanças na rotina podem comprometer a adesão ao tratamento e a qualidade de vida.
“Nosso maior desafio ainda é o diagnóstico precoce. Quanto mais cedo a doença for identificada e tratada, menores as chances de complicações graves. Por isso, é fundamental que pais, professores e profissionais de saúde estejam atentos aos sinais de alerta e busquem orientação médica diante de qualquer suspeita”, reforça a endocrinologista.