Parentalidade
Férias com pais separados: 6 dicas para cuidar da saúde emocional das crianças
Canguru News
Para psiquiatra, pais devem priorizar as necessidades dos filhos ‒ e não as suas

Manter horários das refeições e do sono ajudam no equilíbrio emocional da criança
Nem sempre é fácil organizar a rotina das crianças em famílias em que os pais são separados. Em alguns casos, as mudanças de uma casa a outra e a divisão do tempo acabam sendo motivo de ansiedade e insegurança para os filhos, que podem manifestar até sintomas físicos como insônia e dores de cabeça.
Segundo Danielle Admoni, psiquiatra da infância e adolescência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o planejamento emocional das férias é tão importante quanto o logístico. "É preciso lembrar que as questões do ex-casal são deles e as crianças não têm nada a ver com isso", diz a médica. Por exemplo, se uma das partes quer mudar algo sobre o combinado das férias e a outra dificulta só por birra, isso vai fazer mal para a criança. "Não precisa ser amigo do ex, mas para os filhos é muito melhor que haja pelo menos uma convivência harmoniosa", diz.
Um estudo publicado em maio de 2025 na Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação (REASE) reforça esse cuidado, apontando que os efeitos do divórcio sobre os filhos dependem de fatores como idade, intensidade dos conflitos e qualidade da parentalidade no período pós-separação. O artigo destaca que a manutenção de vínculos afetivos seguros, a preservação da rotina e a comunicação respeitosa entre os pais são elementos decisivos para proteger o desenvolvimento emocional das crianças.
A publicação também reforça que, embora o divórcio represente uma ruptura, ele pode ser conduzido de forma respeitosa e corresponsável, tornando-se uma oportunidade de fortalecer os laços familiares sob novas configurações.
Veja algumas dicas da psiquiatra para que as famílias possam manter a harmonia nas férias mesmo em casos de divórcio do casal:
· Organizar com antecedência para que todos possam acomodar viagens e compromissos. Ainda assim, vale se mostrar flexível diante de imprevistos.
· Evitar competição entre os pais. O período de férias não deve ser uma disputa por quem oferece a experiência mais divertida, mas sim um momento de presença e afeto.
· Avisar com antecedência as mudanças. Crianças precisam se sentir preparadas, sobretudo as menores ou mais sensíveis a alterações na rotina.
· Permitir contato com o outro genitor. Mesmo que o filho esteja com um dos pais, é importante que possa se comunicar com o outro quando quiser, sem infligir culpa na criança.
· Manter algumas rotinas. Comer, dormir e acordar em horários parecidos com os da rotina habitual são indicados para que o filho possa manter o equilíbrio emocional.
· Ouvir o que a criança quer. Dar voz a ela, com bom senso e cuidado com a idade, ajuda a construir férias mais acolhedoras e conscientes.
Danielle lembra que separações acontecem, mas a parentalidade continua, e a forma como os adultos conduzem os períodos compartilhados pode deixar marcas — boas ou ruins — na memória emocional da criança. “As férias são um período intenso, especialmente quando existem novas configurações de família: novos namorados (as) ou esposos (as), filhos dos novos companheiros... Por isso, é importante que os adultos tirem o foco deles mesmos e priorizem as necessidades das crianças", pontua a psiquiatra.