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Perigos da internet: conheça os emojis com significados ocultos
Canguru News
Ícones aparentemente inofensivos podem estar associados a abusos e violências

Supervisão das telas por pais e responsáveis é fundamental
Mais do que uma distração inofensiva, o ambiente virtual pode esconder riscos graves. Cerca de 54% dos adolescentes já sofreram algum tipo de violência sexual on-line, revelou o Mapeamento dos Fatores de Vulnerabilidade de Adolescentes Brasileiros na Internet. Além disso, 20% dos 8 mil entrevistados afirmaram ter interagido com pessoas desconhecidas ou suspeitas em jogos e redes sociais, informa o estudo conduzido pela ChildFund Brasil, organização que atua na promoção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes.
“Só o fato de essa interação acontecer já demonstra uma situação de vulnerabilidade. O adolescente pode não saber identificar uma abordagem perigosa e é por isso que o acompanhamento dos responsáveis é indispensável, especialmente durante o tempo livre nas férias”, alerta Mauricio Cunha, diretor de país do ChildFund Brasil.
Emojis que sinalizam perigo
Entre os sinais mais preocupantes que aparecem em trocas de mensagens e posts na internet estão os códigos utilizados por pedófilos ou pessoas mal-intencionadas, muitas vezes disfarçados em emojis que aparentam ser inofensivos. Alguns dos mais recorrentes são:
🍭 Pirulito – referência ao termo “lollipop” do livro Lolita, escrito por Vladimir Nabokov, indicando interesse por menores;
🍕 Pizza – associado ao termo “cheese pizza” (CP), uma gíria para pornografia infantil;
🍐 Pera – associada à sigla MAP (Minor Attracted Person) ou pessoas atraídas por menores;
🍑, 🍆, 💦, 🥵, 🔥 – usados em comentários sugestivos de conotação sexual em perfis de crianças.
“Os pais precisam estar atentos a esses códigos, especialmente quando aparecem repetidamente em interações com perfis de crianças e adolescentes. É um alerta silencioso, mas extremamente perigoso”, reforça Maurício.
Como identificar e prevenir
Apesar de 94% dos adolescentes entrevistados no Mapeamento declararem ter recebido alguma orientação sobre uso seguro da internet, a maioria ainda não sabe como agir em situações de risco. O bloqueio de perfis suspeitos é a reação mais comum, mas a ausência de denúncias contribui para a subnotificação dos casos e dificulta a responsabilização dos agressores.
Envolvimento dos pais como estratégia de proteção
Pesquisa recente do ChildFund Brasil mostrou que apenas 21% dos adolescentes praticam atividades off-line — um dado que acende o alerta sobre o desequilíbrio entre o tempo de exposição à internet e os momentos de conexão real.
Pais, mães e cuidadores devem procurar estabelecer limites claros para o uso de telas, incentivando a preferência por atividades presenciais, como brincadeiras em família, leitura ou passeios ao ar livre. Esses momentos de pausa e conexão são necessários para o crescimento físico e emocional, e ajudam a reforçar laços familiares, sociais e cognitivos.
É justamente nesses instantes de convivência que a parentalidade lúdica — quando os adultos participam ativamente de brincadeiras e atividades com as crianças — se fortalece. Na infância, ela cria um ambiente seguro para que a criança confie nos adultos e compartilhe medos, sonhos e inseguranças. Já na adolescência, essa base afetiva é ainda mais importante, pois coincide com a formação e consolidação de vínculos fora do núcleo familiar, como amizades e grupos sociais. Também é necessário manter um diálogo aberto com os filhos sobre os riscos do ambiente digital, onde as crianças podem ser abordadas por desconhecidos e receberem pedidos de envio de fotos e mensagens insistentes.
Medidas como a instalação de filtros de segurança, programas de monitoramento parental e a configuração adequada da privacidade nas redes sociais ajudam na proteção. É importante ainda observar possíveis mudanças de comportamento — como oscilações de humor, isolamento, vergonha ou medo — que podem indicar situações de risco. Caso haja dificuldades em equilibrar o mundo virtual com o real, a orientação é buscar apoio profissional.
Contudo, o diretor da ONG ressalta que a internet não precisa ser encarada como inimiga, visto que se usada com equilíbrio e com a devida orientação, pode trazer benefícios significativos. “Jogos digitais, por exemplo, podem ser educativos e estimular habilidades como trabalho em equipe, pensamento crítico e resolução de problemas”, complementa o especialista.