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Seletividade alimentar: especialista dá dicas e fala dos sinais mais comuns
Canguru News
Comportamento ocorre entre 2 e 6 anos e prejudica consumo de frutas, legumes e verduras

Quando a recusa a certos alimentos persiste, é importante procurar orientação profissional
A seletividade alimentar se caracteriza pela recusa frequente de certos alimentos e aceitação de um cardápio muito restrito, sendo comum principalmente entre os 2 e 6 anos de idade. Embora muitas vezes seja apenas uma fase do desenvolvimento, casos mais persistentes podem trazer consequências sérias para o crescimento e o bem-estar da criança.
Apesar de poder ocorrer também com adolescentes e adultos, o risco maior é, em especial, entre 4 e 24 meses, período em que até metade das crianças podem manifestar comportamentos seletivos. Essas dificuldades repercutem diretamente no consumo de frutas, legumes e verduras, o que pode resultar em baixa ingestão de micronutrientes essenciais e, consequentemente, impactar o crescimento, o peso e até o índice de massa corporal (IMC).
Além dos impactos nutricionais, a seletividade alimentar também gera efeitos no ambiente familiar e escolar. A fonoaudióloga Joseane Bouzon, da Clínica Day Fono, explica que é importante diferenciar uma fase natural da infância de um quadro que necessita intervenção. “É esperado que a criança apresente períodos de maior resistência a determinados alimentos, mas quando a recusa é persistente, restrita a poucos itens, acompanhada de perda de peso, estagnação no crescimento ou sofrimento emocional, é fundamental procurar ajuda especializada. Em alguns casos, há ainda alterações sensoriais e motoras que dificultam a mastigação e a aceitação de novas texturas, o que requer avaliação fonoaudiológica”, orienta.
Para os pais, as refeições das crianças com seletividade alimentar podem provocar ansiedade e estresse, prejudicando esses momentos de convivência. Em sala de aula, professores podem perceber sinais de alerta, como crianças que evitam o lanche coletivo, apresentam desconforto ou até mesmo crises diante da oferta de novos alimentos. Esses sinais, quando persistentes, indicam que pode ser hora de buscar orientação profissional.
Estudos indicam que até 30% das crianças podem apresentar seletividade, e esse índice pode chegar a 80% entre aquelas com transtornos do neurodesenvolvimento, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Entre as estratégias mais recomendadas estão a exposição repetida e sem pressão a diferentes alimentos, a participação da criança no preparo das refeições e a criação de um ambiente positivo à mesa. Joseane Bouzon relata que forçar a ingestão tende a aumentar a resistência e gerar ainda mais aversão. A ludicidade, a paciência e o exemplo familiar são ferramentas importantes para ampliar gradativamente o repertório alimentar.
Em situações mais graves, quando a seletividade alimentar compromete o desenvolvimento físico, causa perda de peso ou deficiências nutricionais importantes, o acompanhamento multidisciplinar torna-se indispensável. Profissionais especializados podem trabalhar em conjunto para oferecer uma abordagem ampla e eficaz, assegurando que a criança supere as dificuldades e alcance um crescimento saudável.