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Transtorno Desintegrativo da Infância: saiba mais sobre esse distúrbio
Canguru News
Psicopedagoga fala sobre sintomas, diagnóstico e a importância de terapias e envolvimento familiar

Diagnóstico e acompanhamento do TDI exigem avaliação médica multidisciplinar
A perda de habilidades já adquiridas ‒ como linguagem, interação social e questões motoras ‒ após um período de desenvolvimento normal, está associada ao Transtorno Desintegrativo da Infância (TDI).
Segundo a psicopedagoga e especialista em distúrbios do desenvolvimento, Luciana Brites, trata-se de um transtorno raro do neurodesenvolvimento, que antes era classificado separadamente e hoje é considerado parte do Transtorno do Espectro Autista (TEA), segundo a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria.
“O transtorno se caracteriza por uma regressão acentuada após um período de desenvolvimento típico. Por exemplo, a criança tem um desenvolvimento típico até os dois ou três anos, seguido por uma regressão significativa. A perda de habilidades é gradual e pode variar em intensidade, com algumas crianças sendo mais prejudicadas do que outras”, declara Luciana, que também é CEO do Instituto NeuroSaber.
Entre os principais sinais estão a perda de linguagem e comunicação, dificuldade na interação social, regressão na capacidade de controlar a eliminação de fezes e urina, perda de habilidades motoras e cognitivas, mudanças no comportamento, como irritabilidade, ações repetitivas e sem propósito aparente, que podem ocorrer no movimento, postura ou fala.
As crianças com o Transtorno Desintegrativo da Infância não costumam dialogar por muito tempo com outras pessoas e chegam a evitar iniciar a comunicação, mesmo em ambientes confortáveis. “Também podem apresentar regressão nas habilidades sociais já adquiridas, ter dificuldades para fazer ou manter amigos e podem responder de forma inadequada a situações sociais, como não dizer “olá” e “adeus” ou ignorar perguntas que lhe foram feitas”, relata a psicopedagoga.
O TDI tem incidência estimada entre um e dois casos por 100.000 crianças, e suas possíveis causas ainda não foram descobertas. Pesquisas sugerem uma relação com fatores genéticos e neurológicos, embora o transtorno não seja necessariamente hereditário.
De acordo com a especialista, o diagnóstico e acompanhamento devem ser clínicos, exigindo uma avaliação médica multidisciplinar com participação de neuropediatra, psiquiatra infantil e, em alguns casos, neuropsicólogo. A maioria dos casos são diagnosticados entre três e dez anos e a TDI não tem cura.
Para estimular as habilidades da criança e melhorar sua qualidade de vida, podem ser necessárias a terapia comportamental, terapia ocupacional, terapia de fala e intervenção medicamentosa para minimizar os impactos do transtorno.
Luciana ressalta que o envolvimento e a educação da família são essenciais para o sucesso do tratamento. “Para melhorar o que é ensinado e aprendido nas terapias, a criança também deve ser encorajada e instruída em casa pelos pais. Com o tratamento e a terapia adequados, se pode ter uma vida mais plena e feliz”, conclui.