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Alunos negros sofrem três vezes mais bullying, indica estudo
Canguru News
Estudo sugere que escolas invistam em habilidades socioemocionais e espaços mais acolhedores

Quase 90 mil estudantes participaram do estudo
Um estudo recente do Instituto Ayrton Senna, feito com quase 90 mil estudantes do ensino médio, trouxe números que mostram a gravidade da violência racial em muitas escolas brasileiras.
A pesquisa “Avaliação do Futuro”, realizada em parceria com as secretarias de Educação do Ceará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará e Paraná e a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), mostra que alunos negros têm três vezes mais chances de sofrer bullying por causa da cor da pele quando comparados aos colegas brancos.
Os números que revelam o problema
Enquanto 6,83% dos estudantes brancos relataram agressões ligadas à cor da pele, esse índice sobe para 9,19% entre jovens pardos e chega a 17,84% entre estudantes pretos.
No geral, 1 em cada 4 adolescentes afirmou ter vivido bullying no mês anterior à avaliação, seja por aparência física, raça, cor, orientação sexual, religião ou origem.
Por que isso acontece?
A adolescência já é, por si só, uma montanha-russa emocional. Mudanças no corpo, uma busca quase desesperada por pertencimento e a pressão dos padrões estéticos criam um terreno fértil para inseguranças.
“A adolescência é um período desafiador: as mudanças no corpo, a força dos padrões de beleza e as expectativas sociais pesam no dia a dia”, explica a psicóloga Ana Crispim.
Quando, além de tudo isso, entra em cena o preconceito, o peso se multiplica.
O que funciona (de verdade) dentro da escola
A boa notícia é que o estudo também aponta soluções e elas passam, principalmente, pelo desenvolvimento socioemocional e pela criação de ambientes mais acolhedores.
Escolas com maior abertura ao diálogo e respeito à diversidade têm índices de bullying de 9%, enquanto instituições com baixa abertura chegam a 13%. A mesma lógica aparece quando se analisa o clima escolar: onde há convivência saudável, o bullying cai para 7%; onde não há, sobe para 17%.
Competências como empatia, respeito, curiosidade por novas ideias e acolhimento das diferenças são fundamentais para construir relações mais saudáveis e evitar que episódios de violência se repitam.
Por que isso importa para mães, pais e responsáveis?
Porque a escola é o segundo lar dos nossos filhos. É onde eles aprendem, crescem, formam vínculos, constroem sua personalidade. E quando esse espaço se torna hostil, especialmente para crianças e adolescentes negros, indica uma falha da sociedade.
A pesquisa acende um alerta, mas também aponta um caminho: formar escolas emocionalmente inteligentes é urgente e possível. E cada passo nessa direção faz diferença na vida de milhares de estudantes que só querem viver sua infância e adolescência com segurança, respeito e pertencimento.



