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Tarefas do dia a dia: 5 dicas para que as as crianças escutem os pais
Canguru News
A neuropsicopedagoga Isa Minatel ensina como conseguir a cooperação dos filhos na rotina

Para Isa Minatel, é preciso explicar o sentido das ações às crianças
Tomar banho, escovar os dentes, sentar para almoçar, ir dormir… Nem sempre é fácil fazer com que as crianças sigam as atividades de rotina — e o que era para ser uma simples tarefa do dia a dia acaba se tornando um campo de batalha entre pais e filhos. Contudo, não se trata de insistir e sim de ensinar o sentido das ações e conduzir com leveza, ressalta Isa Minatel, neuropsicopedagoga, autora dos best-sellers "Crianças Sem Limites" e "Temperamentos Sem Limites".
"Quando a criança entende o porquê das coisas, ela coopera naturalmente. O que falta, muitas vezes, é o adulto lembrar que o idioma da criança é a brincadeira, a história e a música, que eu resumo na sigla BHIM. Se a comunicação não acontece nessa linguagem, ela pode não escutar e se desconectar como quando alguém fala conosco numa língua que não conhecemos", explica Isa.
A seguir, a especialista compartilha cinco dicas práticas para transformar os momentos de resistência em conexão e aprendizado:
1. Dê sentido às rotinas
Antes de exigir que a criança tome banho ou escove os dentes, mostre por que isso é importante. "A criança precisa ver sentido em tudo que faz. Você pode contar histórias, mostrar vídeos, brincar com o tema, o importante é trazer consciência", ensina Isa. Pequenos recursos como lupas, desenhos e livros ajudam a ilustrar o conceito de "corpo limpo" e tornam o aprendizado concreto.
2. Construa a rotina junto com a criança
Isa recomenda que a criança participe ativamente da criação da rotina: "Pegue uma folha A4 e peça que ela desenhe e monte o próprio quadro de horários. Quando ela se vê como protagonista, a rotina deixa de ser uma imposição e passa a ser uma conquista", diz. Se a criança resistir, o adulto pode recorrer ao combinado visual. "Mostre o cartaz: 'Olha, já fizemos isso e isso, agora é o banho'. Assim, fica mais fácil manter o acordo de forma respeitosa", complementa.
3. Brincadeira, história e música
No lugar de ordens e broncas, Isa sugere transformar as tarefas em brincadeiras. "Esse é o idioma da criança", conta. Cantar uma música para o banho, criar um personagem que adora comer legumes ou inventar um jogo para guardar os brinquedos faz com que o momento seja mais leve e natural.
4. Espere a fome chegar
No caso da alimentação, Isa alerta para um erro comum: oferecer comida o tempo todo. "A criança precisa sentir fome. Sentir fome é diferente de passar fome. Se ela está sempre beliscando, pode nunca ter fome que gera a vontade real de comer", afirma.
Segundo a especialista, o ideal é respeitar o apetite da criança e evitar substituições imediatas. "Se ela não quis comer no almoço, tudo bem. Quando sentir fome, vai comer comida saudável e aos poucos vai se adequando aos horários da família. É assim que ela aprende a se autorregular", explica.
5. Dê autonomia e envolva a criança no processo
Permitir que a criança monte o próprio prato, participe do preparo das refeições ou escolha a roupa do dia fortalece o senso de responsabilidade. "Quando a criança participa, ela coopera porque se sente parte", ressalta Isa.
"Pais conscientes não querem filhos apenas obedientes, mas filhos cooperativos, autônomos e conectados com o sentido daquilo que fazem. Quando a educação é construída assim, a relação muda completamente", conclui a especialista.



