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Exposição e sexualização de crianças na internet pode gerar traumas

Canguru News

Vídeo do influenciador Felca reforça urgência de maior proteção de crianças na web

3 min de leitura

21 de agosto de 2025

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Exposição e sexualização de crianças na internet pode gerar traumas

Famílias, escolas, autoridades e mídias digitais devem agir de forma integrada

A repercussão do vídeo do influenciador Felipe Bressanim, mais conhecido como Felca, sobre casos de exposição e sexualização de crianças e adolescentes nas redes sociais, chamou a atenção para a segurança do infantojuvenil no ambiente virtual.

 

O vídeo de Felca já atingiu mais de 45 milhões de visualizações no YouTube, e mostrou como menores de idade são expostos de forma indevida, inseridos em ambientes e dinâmicas de conotação sexual.

 

Desde a publicação do vídeo, no dia 6 de agosto, houve um aumento expressivo de denúncias contra pedofilia e exploração sexual infantil no ambiente virtual. O tema também repercutiu no Congresso Nacional, levando à apresentação de projetos de lei na Câmara dos Deputados para criminalizar a adultização infantil e suspender a monetização de conteúdos com participação de menores. No Senado, parlamentares pediram a abertura de uma CPI para investigar o papel de influenciadores e plataformas na exploração infantil online.

 

Para especialistas, ao ser exposta precocemente a papéis e conteúdos da vida adulta, a criança pode ter comprometida a formação da identidade, o que pode provocar traumas e comportamentos de risco, gerando uma dificuldade de estabelecer limites saudáveis.

 

A psicóloga Êdela Nicoletti, especialista em Terapia Comportamental Dialética (DBT) e em Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) destaca que essa discussão precisa ir além da indignação momentânea. "Em contextos de abuso sexual, online ou offline, há forte associação com o estresse pós-traumático e dissociação; parte dos estudos também liga esse histórico à desregulação emocional e a traços de personalidade borderline na vida adulta. Não são certezas para todos os casos, mas evidências consistentes mostram que o risco é elevado", explica.

 

O psicólogo Vinícius Dornelles, da DBT Brasil, vê o episódio como um retrato do momento que o país vive. "É simbólico que um vídeo de influenciador tenha conseguido mobilizar até a Câmara dos Deputados para discutir o tema, quando pesquisadores e profissionais da área alertam para esses riscos há anos sem a mesma resposta", observa.

 

Para ele, a situação evidencia o poder das redes sociais na definição da agenda institucional e a necessidade urgente de que a ciência seja valorizada como principal balizadora das decisões de proteção à infância. "Se dependermos apenas da viralização de um conteúdo para que o poder público aja, corremos o risco de perder tempo precioso e vidas que poderiam ser salvas", afirma, lembrando que os índices de condutas autolesivas entre crianças e adolescentes no Brasil têm crescido de forma preocupante.

 

Êdela ressalta ainda outro ponto que merece destaque: o uso da internet como ferramenta de conscientização. "Quando figuras públicas expõem práticas nocivas com dados e contexto, contribuem para gerar mudanças e pressionar por medidas de proteção efetivas. Mas isso exige responsabilidade e compromisso ético", ressalta.

 

Os especialistas reforçam que o caminho mais eficaz é a prevenção, aliada à educação e à atuação integrada de famílias, escolas, autoridades e plataformas digitais. "Depois que o dano está feito, o processo de reconstrução é mais longo e doloroso. Nenhuma visualização ou monetização justifica o risco para uma criança", conclui Êdela.

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